terça-feira, 27 de outubro de 2009

A polícia e os oportunistas

26/10/2009 - 09h03m

Dirceu Cardoso Gonçalves
Dirigente da ASPOMIL

Toda vez que, em razão do desgoverno omisso e medroso, um ato violento perpetrado pelo crime organizado leva pânico à população ou a polícia é vítima de descabida agressão – como a derrubada do helicóptero no Rio de Janeiro – a instituição policial ainda tem de purgar o ramerrão de propostas absurdas oportunisticamente colocadas pelos seus adversários de plantão e antipatizantes ideológicos. O momento acaba servindo para a veiculação de idéias sem nenhum embasamento científico, como a unificação das polícias (civil e militar), a eleitoreira abertura de CPIs para a apuração da atividade policiais, mudança de regulamentos e outras ações frequentemente discutidas e inviabilizadas. Difícil concluir se esse pessoal pensa assim mesmo ou estaria oportunamente operando uma cortina de fumaça para esconder os reais problemas. O certo é que essa ação não contribui em nada para a solução da gravíssima crise da segurança pública, fruto, principalmente, da omissão de governos e políticos.

A sociedade e especialmente aqueles que falam em seu nome, precisam entender que a crise não está na instituição policial, mas nos problemas não resolvidos da comunidade. E que as polícias constituem apenas um ente da própria sociedade, com atribuições específicas e organicidade para executá-las. Quando a polícia é chamada, seja qual for o problema, é porque todas as vias normais já foram esgotadas e o problema só pode ser contornado pelo uso da força. Logo, todas as questões são anteriores à intervenção policial e teriam conseqüências mais graves ainda não fosse a firmeza do seu trabalho. A polícia, em suma, em nenhuma hipótese, é capaz de gerar e ou diminuir a criminalidade. Sua função é apenas controlar os momentos críticos quando todos os outros instrumentos da sociedade falharam.

Aqueles que se dispõem a discutir segurança pública, em qualquer parte do território nacional e até no exterior, têm de antes colocar na própria cabeça que as polícias são instituições da própria sociedade, compostas por homens e mulheres concursados na própria comunidade e com um leque de atribuições claramente definido. E que as próprias instituições policiais dispõem de regras e regulamentos disciplinares para controlar sua tropa e punir aqueles que agem em desacordo com a ética, a moral, os bons costumes e, principalmente, o regulamento. Basta verificar o destino que têm os policiais surpreendidos ou denunciados por atos irregulares. A maioria deles é demitida!

Os governantes, parlamentares, líderes da comunidade, ongueiros e assemelhados fariam um trabalho muito melhor à comunidade se, em vez de atuar no alvo fácil de propor mudanças e represálias à instituição policial, dirigissem suas ações para a solução de problemas sociais e estruturais do país. Se quiserem, mesmo assim, atuar no rumo das polícias, poderão fazer um excelente trabalho se interessando pelo salário da classe, que leva o policial a complementar seus salários trabalhando no “bico” ou, o pior, na corrupção. Tanto um quanto o outro é prejudicial, pois ao trocar suas horas de folga pelo “bico”, o homem ou mulher volta ao trabalho policial e sem condições físicas de atender plenamente sua obrigação. Se parte para a corrupção, então, não tem condições de continuar na própria polícia.

A questão tem de ser tratada, antes de tudo, com sinceridade...


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